Sessão de Relato de Caso


Código

RC118

Área Técnica

Neuroftalmologia

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Hospital Nossa Senhora da Conceição

Autores

  • JEFERSON PETRY DE OLIVEIRA SILVA (Interesse Comercial: NÃO)
  • Aline De Araújo Hackbart (Interesse Comercial: NÃO)
  • Isabella Menegotto Nader (Interesse Comercial: NÃO)

Título

PUPILAS DE ARGYLL-ROBERTSON MIMETIZANDO PUPILA DE ADIE

Objetivo

Relatar caso de neurossífilis com presença das pupilas de Argyll Robertson

Relato do Caso

Paciente do sexo masculino, 28 anos, procedente de Porto Alegre, foi encaminhado à emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição para investigação de turvação visual à esquerda e anisocoria. Apresentava os sintomas há um ano e em avaliação prévia teve suspeita de pupila de Adie. Por não apresentar melhora, procurou neuro-oftalmologista o qual solicitou TC e RNM de crânio e órbitas (exames normais) e VDRL sérico (titulação 1:32). Pela suspeição de neurossífilis, chegou à emergência para investigação e tratamento. Negava outros sintomas sistêmicos, exceto zumbido no ouvido esquerdo. Ao exame de punção lombar apresentou: 60 células (96% linfócitos), proteínas 30, VDRL 1:8, Anticorpo Antitreponêmico positivo. Ao exame oftalmológico acuidade visual de 20/20 em ambos os olhos (AO). PIO: 12 AO. Biomicroscopia AO: córnea transparente, cristalino transparente, pupilas com quase nenhuma reação à luz, anisocoria (pupila OE mais dilatada). Pupilas contraem-se ao focar objeto próximo. Fundo de olho sem alterações. Motilidade extrínseca ocular normal. Impressão: neurossífilis com pupilas de Argyll Robertson (AR). Realizado tratamento com penicilina G cristalina.

Conclusão

As pupilas de AR ocorrem em pacientes com sífilis terciária e tabes dorsalis. As pupilas não reagem à luz, mas respondem à acomodação. Apresenta, portanto, dissociação luz-perto já que não reage à luz, mas contrai de forma adequada para perto. A pupila de AR dilata pouco ou nada com uso de midriáticos. Comumente é bilateral, embora haja casos unilaterais. Podem resultar de danos ao mesencéfalo rostral, sendo que uma lesão dorsal do núcleo de Edinger-Westphal pode interromper as fibras reflexas oculomotoras pré-tectais. No entanto, as fibras localizadas mais ventralmente dos núcleos de Edinger-Westphal que controlam a reação próxima são poupadas. O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras causas de dissociação luz-perto como neuropatia óptica, retinopatia grave bilateral e pupila tônica de Adie.

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